A ferramenta avançada de espionagem exibe um grau de competência técnica raramente visto e foi usada em operações contra governos, operadores de infraestrutura, empresas, pesquisadores e indivíduos.
Twitter Card Style:
summary
Um malware avançado conhecido como Regin foi utilizado em campanhas sistemáticas de espionagem contra uma variedade de alvos internacionais desde, pelo menos, 2008. Considerado um Cavalo de Tróia do tipo Backdoor, o Regin é um malware complexo, cuja estrutura exibe um grau de competência técnica raramente encontrado. Customizável através de uma ampla gama de capacidades, dependendo do alvo, ele oferece aos controladores um framework poderoso para vigilância em massa, e foi utilizado em operações de espionagem contra organizações governamentais, operadores de infraestrutura, empresas, pesquisadores e indivíduos.
É provável que seu desenvolvimento tenha consumido meses, ou até mesmo anos, até ser concluído, e seus autores se empenharam em apagar seus rastros. Suas capacidades e o nível dos recursos por trás do Regin indicam que ela é uma das principais ferramentas de ciberespionagem utilizadas por um Estado-nação.
Conforme destacado em um novo relatório técnico da Symantec, o Backdoor.Regin é uma ameaça de múltiplos estágios, e cada um deles está escondido e criptografado, com exceção do primeiro. A execução do primeiro nível inicia uma cadeia em dominó de decodificação e carregamento de cada estágio subsequente, em um total de cinco. E assim eles fornecem poucas informações sobre o pacote completo. Somente ao obter todos os cinco estágios é possível analisar e entender a ameaça.
Figura 1. Os cinco estágios do Regin
O Regin também utiliza uma abordagem modular, permitindo que carregue recursos customizados sob medida para o alvo. Esta abordagem modular foi vista em outros grupos sofisticados de malware, como Flamer e Weevil (The Mask), enquanto a arquitetura de carregamento em múltiplos estágios é semelhante à vista na família de ameaças Duqu/Stuxnet.
Linha do tempo e perfil do alvo
Infecções por Regin foram observadas em uma variedade de organizações entre 2008 e 2011, quando ele foi repentinamente recolhido. Uma nova versão do malware reapareceu em 2013. Entre os alvos estão empresas privadas, órgãos governamentais e institutos de pesquisa. E quase metade de todas as infecções foi dirigida a indivíduos e pequenas empresas. Ataques contra empresas de telecomunicações parecem projetados para obter acesso a ligações direcionadas ao longo de sua infraestrutura.
Figura 2. Infecções confirmadas por Regin por setor
As infecções também foram geograficamente variadas, tendo sido identificadas principalmente em dez países diferentes
Figura 3. Infecções confirmadas por Regin por país
Vetor de infecção e payloads
O vetor de infecção varia e nenhum vetor reprodutível foi encontrado até o momento. A Symantec acredita que alguns alvos podem ser enganados e levados a visitar versões falsas de sites conhecidos, além de a ameaça poder ser instalada através de um navegador ou pela exploração de uma aplicação. Em um computador, os arquivos de registro mostraram que o Regin foi originado no Yahoo! Instant Messenger através de uma exploração não-confirmada.
A ameaça utiliza uma abordagem modular, dando flexibilidade aos operadores, que podem carregar recursos customizados sob medida para alvos individuais, conforme necessário. Alguns payloads customizados são muito avançados e apresentam um alto grau de conhecimento em setores especializados, indicação maior do nível de recursos disponíveis aos autores do Regin.
Há dezenas de payloads do Regin. As capacidades padrão da ameaça incluem diversos recursos de Trojan de Acesso Remoto (RAT), como captura de imagens de tela, tomada de controle das funções de apontar e clicar do mouse, roubo de senhas, monitoramento do tráfego da rede e recuperação de arquivos apagados.
Módulos de payload mais específicos e avançados também foram descobertos, como um monitor de tráfego do servidor de web Microsoft IIS e um sniffer de tráfego da administração de controladores de estações base de telefonia móvel.
Furtivo
Os desenvolvedores do Regin empenharam esforços consideráveis para torná-lo extremamente discreto. Sua natureza discreta significa que pode potencialmente ser empregado em campanhas de espionagem com diversos anos de duração. Mesmo quando sua presença é detectada, é muito difícil determinar o que estava fazendo. A Symantec só foi capaz de analisar os payloads depois de decodificar arquivos de amostra.
Ele tem vários recursos “furtivos”. Entre eles, capacidades anti-forenses, um sistema de arquivo virtual criptografado sob medida (EVFS), e criptografia alternativa na forma de uma variação do RC5, que não é comumente usada. A ameaça usa diversas formas sofisticadas para se comunicar secretamente com o atacante, inclusive através de ICMP/ping, integrando comandos em cookies HTTP, e protocolos TCP e UDP customizados.
Conclusões
O Regin é uma ameaça extremamente complexa que foi utilizada em campanhas de coleta sistemática de dados e de inteligência. O desenvolvimento e a operação deste malware devem ter exigido investimentos significativos de tempo e recursos, indicando que um Estado-nação seja o responsável pelo malware. Seu design o torna perfeito para operações de vigilância persistentes, de longo prazo, contra os alvos.
A descoberta do Regin destaca como investimentos significativos continuam sendo feitos para o desenvolvimento de ferramentas para uso na coleta de inteligência. A Symantec acredita que muitos componentes da ameaça continuam desconhecidos e devem existir funcionalidades e versões adicionais. As análises adicionais continuam e a Symantec publicará quaisquer atualizações sobre futuras descobertas.
Leitura adicional
Indicadores de comprometimento para administradores de segurança e informações técnicas mais detalhadas podem ser encontrados em nosso relatório técnico – Regin: Top-tier espionage tool enables stealthy surveillance
Informações de proteção
Produtos Symantec e Norton detectam esta ameaça como Backdoor.Regin.